O ESTERCO DO MUNDO
Tenho amigos que rezam a Simone Weil
Há muitos anos reparo em Flannery O’Connor
Rezar deve ser como essas coisas
que dizemos a alguém que dorme
temos e não temos esperança alguma
só a beleza pode descer para salvar-nos
quando as barreiras levantadas
permitirem
às imagens, aos ruídos, aos espúrios sedimentos
integrar o magnífico
cortejo sobre os escombros
Os orantes são mendigos da última hora
remexem profundamente através do vazio
até que neles
o vazio deflagre
São Paulo explica-o na Primeira Carta aos Coríntios,
“até agora somo o esterco do mundo”,
citação que Flannery trazia à cabeceira