next
 
 
 

GLOSA À CHEGADA DO OUTONO
O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sede, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera: este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.
GLOSS ON THE COMING OF AUTUMN
The body does not wait. Neither for us
nor for love. This groping of hands,
researching with such reticence
the warm, silky aridness
that twitches from embarrassment
in movements quick and random;
this groping attended not by us
but by a thirst, a memory, whatever
we know about touching the bared
body that does not wait; this groping
that doesn’t know, doesn’t see, doesn’t
dare to be afraid of feeling scared…

The body’s so hasty! All is over and done
when one of us, or when love, has come.