o desfibrilador é antes uma relíquia verbal
que um aparato do esqueleto
o tempo na palavra
tudo que era primeiro moveu-se no verbo
mesmo a bomba cardíaca e seus vasos sanguíneos
é nele que as coisas despertam
e então a língua-que-não-diz
o silêncio
confere a física de cada mundo
o corpo está mais que em volta da espinha
o corpo fabrica um lugar a cada estrela que ganha nome
[ o albatroz retém a alba no corpo ]
mastigar a palavra
como se mastiga um coração
da válvula às aurículas
cada palavra é um sacrário
um desígnio
um destino